DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO `À RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA
A TRAJETÓRIA DE MORADORAS E MORADORES
DOI:
https://doi.org/10.33872/revcontrad.v3n2.e036Palavras-chave:
Reforma Psiquiátrica, Desinstitucionalização, Residências TerapêuticasResumo
Este artigo busca compreender os determinantes da vida de sujeitos denominados loucos que culminaram com sua institucionalização, bem como com sua inserção em residências terapêuticas. Instituídas pela Portaria GM nº 106/2000, as residências terapêuticas são uma das estratégias de desinstitucionalização que compõem a Rede de Atenção Psicossocial. Para além de sua definição enquanto moradias na comunidade cujo objetivo se dirige ao processo de reabilitação psicossocial para pessoas com “transtorno mental grave”, institucionalizadas ou não, a análise destes dispositivos pode elucidar paradoxos quanto aos atravessamentos de seus aspectos público e privado, às contradições inerentes ao modo de produção capitalista e ao paradigma psiquiátrico. Sendo um estudo de natureza exploratória qualitativa utiliza entrevistas semiestruturadas como meio de desvelar as perspectivas de seus atores sociais envolvidos: os moradores das residências terapêuticas. As discussões possibilitaram a reflexão crítica acerca dos determinantes sociais da experiência de sofrimento psíquico, a constatação de graves violações de direitos ainda existentes nos hospitais psiquiátricos e dos desafios e potencialidades da produção de cuidado e da vida em liberdade, sobretudo, num período marcado pelo desinvestimento na saúde pública e na atenção psicossocial perante o acirramento de políticas neoliberais.
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