ANÁLISE INSTITUCIONAL DE UM SERVIÇO DE EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA: O DIÁRIO DE PESQUISA DE UMA PSICÓLOGA RESIDENTE

Resumo

O cenário de cuidado para com os sujeitos em intenso sofrimento psíquico, em 1970, consistia na internação em instituições manicomiais marcadas pela violação de Direitos Humanos. Com o advento da Reforma Psiquiátrica Brasileira em 1990, novos dispositivos de cuidado territoriais em saúde mental substitutivos à internação em hospitais psiquiátricos foram criados, entre eles os serviços de Emergências Psiquiátricas (EP). Assim, compreende-se que as Emergências Psiquiátricas se apresentam na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) como um serviço de atendimento à crise quando os demais dispositivos territoriais da rede já estão esgotados para o manejo desse indivíduo. Nessa perspectiva, o presente trabalho teve o objetivo de analisar o funcionamento institucional de uma Emergência Psiquiátrica de um município do interior do Estado do Paraná, com atenção especial à atuação dos profissionais da equipe de saúde em um contexto pandêmico. Para tanto, realizou-se uma pesquisa-intervenção, fundamentada nas ferramentas conceituais da Análise Institucional, em que foram analisados diários de pesquisa produzidos pela pesquisadora residente do Programa de Residência Multiprofissional em Urgência e Emergência. Como resultados verificou-se a dificuldade de superação do modelo manicomial pelo serviço estudado, problemáticas relacionadas ao trabalho em equipe e a complexidade na articulação com outros dispositivos da RAPS. Espera-se que movimentos instituintes da luta antimanicomial continuem produzindo questionamentos, reflexões e capacitações para novos modos de cuidado mais humanizados, integrais, efetivos e atentos às especificidades de atenção aos sujeitos em intenso sofrimento psíquico em Emergências Psiquiátricas.